quarta-feira, 7 de junho de 2017

Palavra de Deus - Parte 3


"O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente."

Quem pensaria em escutar um cego sobre o assunto da luz e a sombra? E, todavia, um tal homem tem mais direito a ser ouvido do que um inconvertido sobre a inspiração. Os conhecimentos humanos, por mais extensos e variados que sejam; a sabedoria humana, por muito profunda que seja não podem qualificar um homem para emitir um juízo sobre a Palavra de Deus. Sem dúvida, um erudito pode examinar e comparar manuscritos simplesmente do ponto de vista crítico; pode ser capaz de formar um juízo quanto à questão de autoridade da leitura de qualquer passagem especial; mas isto é assunto muito diferente de um escritor incrédulo empreender a tarefa de emitir parecer sobre a revelação que Deus, em Sua infinita bondade, nos tem dado.

(...) É somente por intermédio do Espírito, que inspirou as Sagradas Escrituras, que essas Escrituras podem ser compreendidas e apreciadas. A Palavra de Deus deve ser recebida sobre a sua própria autoridade. Se o homem pode julgá-la ou discutir sobre ela, então não é a Palavra de Deus. Deus tem-nos dado uma revelação ou não? Se tem, deve ser absolutamente perfeita em todos os respeitos; e, sendo assim, deve estar inteiramente fora do alcance do juízo humano. O homem não é mais competente para julgar a Escritura do que para julgar a Deus. A Escritura julga o homem; não o homem a Escritura. Nisto está toda a diferença.

Nada pode haver mais miseravelmente vil do que os livros que os infiéis escrevem contra a Bíblia. Cada página, cada parágrafo, cada frase só consegue ilustrar a verdade da afirmação do apóstolo que, "O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." A sua crassa ignorância do assunto de que se arriscam a tratar é apenas igual à confiança que têm em si mesmos. Da sua irreverência nada dizemos; pois quem pensaria encontrar reverência nos escritos dos incrédulos? Poderíamos talvez esperar um pouco de modéstia, se não fosse o caso de estarmos plenamente ao fato do ânimo amargo que dá origem a tais escritos e os torna inteiramente indignos de um momento de consideração.

Outros livros podem ser submetidos a um exame desapaixonado; mas o precioso Livro de Deus é abordado com a conclusão prévia de que não é uma revelação divina, porque, na verdade, os incrédulos dizem-nos que Deus não podia dar-nos uma revelação escrita dos Seus pensamentos. Como é estranho! Os homens podem dar-nos uma revelação dos seus pensamentos; e os infiéis têm-no feito claramente; mas Deus não pode. Que loucura! Que arrogância! Por que razão, é lícito perguntar, não pode Deus revelar os Seus pensamentos às suas criaturas? Porque há de se pensar que isso é uma cosia incrível? Por nenhuma razão, mas simplesmente porque os infiéis assim querem.

O desejo é, neste caso, seguramente pai do pensamento. A pergunta formulada pela antiga serpente, no jardim do Éden, há aproximadamente seis mil anos, tem sido transmitida, de século para século, por toda classe de cépticos, racionalistas e infiéis, isto é: "E assim que Deus disse?" Sim, respondemos nós, com muito prazer; bendito seja o Seu santo Nome, Ele tem falado — tem-nos falado a nós. Tem revelado o Seu pensamento; tem-nos dado as Escrituras Sagradas: 


"Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído par toda a boa obra"(2 Tm 3:16-17)

"Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança" (Rm 15:4).

Louvado seja o Senhor por tais palavras! Elas asseguram-nos que toda a Escritura é dada por Deus, e que toda a Escritura nos é dada a nós. Precioso vínculo entre a alma e Deus! Quem poderá contar o valor de tal vínculo? Deus tem falado — tem-nos falado a nós. A sua Palavra é uma rocha contra a qual se desfazem todas as ondas do pensamento infiel em desprezível impotência, deixando-a em sua força divina e eterna estabilidade. Nada pode afetar a Palavra de Deus. Nem todos os poderes da terra e do inferno, nem os homens nem os demônios juntos podem jamais remover a Palavra de Deus. Ela permanece em sua própria glória moral, a despeito de todos os assaltos do inimigo, de século para século. "Para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu." "...Engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome." Que nos resta? Precisamente isto: "Escondi a tua palavra no meu coração para eu não pecar contra ti." Nisto consiste o profundo segredo da paz.

O coração está unido ao trono, sim, ao próprio coração de Deus por meio da Sua preciosíssima Palavra e está assim em possessão de uma paz que o mundo não pode dar nem tampouco tirar. Que podem conseguir as teorias, os argumentos e o raciocínio dos infiéis? Absolutamente nada. Têm tanto valor como o pó da eira no verão. Para aquele que tem aprendido realmente, pela graça, a confiar na Palavra de Deus — a descansar sobre a autoridade da Sagrada Escritura — as obras que os infiéis têm escrito são inteiramente desprezíveis, abstrusas [confusas], ineficazes; demonstram a ignorância e a terrível presunção dos seus autores; mas quanto à Escritura, deixam-na precisamente onde sempre tem estado e estará, "permanece no céu" tão firme como o trono de Deus. 


Os ataques dos infiéis não podem atingir o trono de Deus, nem tampouco podem afetar a Sua Palavra; e, bendito seja o Seu Nome, tampouco podem perturbar a paz que brota do coração que descansa sobre esse fundamento imperecível: "Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço" e "...a palavra do nosso Deus subsiste eternamente." 

(Continua)

Autor: C. H. Mackintosh, extraído dos estudos sobre o livro de Deuteronômio.

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